the pig strike pit

A MIGRAÇÃO DOS PENSAMENTOS ESTIVAIS

O Sol brilhou de manhã, mas já não se vê. Nuvens de fumo rolam numa sinfonia de morte. Os pássaros cantam. Não há arco íris. Passo os dias à procura de um sentido para a frase "o que é hoje o jantar?".

Fui e vi. Sequências de palavras formam frases. Li-as e gostei. Achei que devia divagar um pouco, vaguear pelos recantos da memória que já não visitava há tanto tempo. Pelos campos da desconexão, colhendo flores com cheiro a morango. E de repente vejo o mar. Comento: "Hoje há pouco vento mas no fim de semana vai chover. A humidade estará quase nos 100%, o cabelo vai estar quase no caixote do lixo. Ou o caixote na cabeça até que passe o pássaro de mil cores regressado do calor tropical. Sou bicho de quente. O frio gela-me o coração e as lágrimas. O choro contido dá asma e tusso desalmadamente. Até voltarem os campos com flores, escrevo palavras desencontradas do sentido. Para dizer que amei este espaço de divagação e alienação da puta da realidade." A Catarina gostou e respondeu.

Já sei cruzar os pés. A graça ainda está para vir, mas aprendo com o movimento. Dois passos mal medidos para a frente, e volto para trás em receio. As rodas rolam indefinidamente, procuram a meta, o objectivo, o destino. Eu procuro levá-las lá. O esquerdo dá balanço, o direito tenta manter a velocidade de cruzeiro. Ouve-se um riso sincero, que inunda a alma.

Porcuro a rota do Sul. Sei que para Sul está mais quente. Os pássaros vão para lá e tenho que segui-los. No fim de semana aqui gela. A água não sai dos canos, não entra para o ralo, não se limpa o chão. Cada vez que se pisa uma pedra, estala uma veia. Quero o Panda comigo. As correntes sociais estão presas a uma enome bola de chumbo. Puxo, mas ela não cede.
Deus queira, que eu já sonho e a obra pode nascer.
Deus queira..