Wednesday, August 17, 2011

cheiro a relva cortada

Havia aquela magnifica campanha da BBDO para o BPP - quando este ainda um banco activo e até respeitável, isto é, tanto quanto é possível um banco para podres de ricos ser... - aquela campanha que ainda toda a gente certamente se lembra, a página dupla no Expresso, um livro aberto com textos inteligentes, cativantes e insightful sobre o dinheiro (e, claro, direcções de arte que garantiam pelo menos um prémio por ano!). E houve um ano em que, no âmbito dessa campanha, diversas figuras notáveis do nosso país escreveram crónicas sobre o dinheiro. Sobre a sua relação com o dinheiro.

E esta é a minha.

Suponho que toda a gente no mundo, ricos e pobres, tenha uma relação de amor-ódio com o dinheiro. Eu, já de mim bipolar por natureza, tenho-a ainda mais. Desdenho-o, mas sou despesista. Odeio o capitalismo mas alimento-o com o meu trabalho. Renego esta falácia social em que vivemos mas rebolo nela como porquinho no chiqueiro. E sempre que me pergunto porquê penso que a única coisa que eu precisava para me ver livre do dinheiro de uma vez por todas era  ter dinheiro para isso. O que não é, nunca, possível.

É como o cheiro a relva cortada. Delicioso. Mas espesso, deixa o ar coleante, e atraí aqueles mosquitinhos irritantes à brava, que nem picam nem nos deixam em paz. Aqueles que pairam grealmente sobre bosta fresca. É assim a minha relação com o dinheiro. Cheiroso mas sempre acompanhado por parasitas de dissonância e azares que deixam a alma pegajosa.

O meu metabolismo financeiro é uma merda. Como o genético, de resto. Há pessoas que comem desenfreadamente e não engordam. Nem um graminha. Elas é gelados, rebuçados, folhados e panados. Eu, olho para uma maçã e já engordei, ainda nem lhe senti o cheiro. Era de plástico, isso não vale, xiça! Pessoas gastam e vão e vêem e, sem esforço algum, têm-no sempre, ele chega de taxi, perfumado e engomado, prontinho para correr a comprar mais umas amendôas de felicidade. Eu não sei. Sempre que começo a fazer um pézinho de meia, vem um estado sedento de dinheiro que deve e diz, ah, lembras-te daquele IRS de há 4 anos atrás? Pois é, passa para cá 2000 euricos, a ver se gostas.

Adoro.

1 comment:

Anonymous said...

gostei